Meu nome é Ana sou uma alcoolista em recuperação, filha de alcoólatra e além de eu ser uma alcoolista, sou extremamente adicta. Não sabia que eu era adicta até saber que adicção é além de drogas, me descobri adicta à jogos e à relacionamentos. O álcool começou como algo inofensivo para mim até ser um consumo repleto de vexames, comportamentos inconvenientes e depressão pós bebedeira, sendo o foco de tudo: se queria comemorar só valia com rodadas de bebidas, se estava triste idem, se estava deprimida por términos ou qualquer frustração bebia, até que um dia percebi que não tinha qualquer controle sobre esse consumo. Milhares foram as promessas fracassadas, pois não sabia que estava lidando com uma doença totalmente grandiosa pois sua progressividade veio bem rápida na minha vida. Inúmeras coisas me aconteceram: bati carro, sofri abuso sexual de um "amigo", vários abusos emocionais devido à estar bebendo com amizades tóxicas e ia para casa arrasada com comportamentos de pessoas que hoje vejo que também estavam doentes. Mesmo decepcionada me corrompia para ter companhia para beber, minhas amizades saudáveis não tinham o costume de estar no bar, então eu as achavam chatas. Eu sentia tanta tristeza que queria morrer a beber. Mal sabia eu que evitar o primeiro gole me levaria para a vida que eu desejava: leve, alegre e sem dores emocionais. Conheci o AA e tentei várias vezes a programação, mas no fundo eu tinha a esperança de um dia conseguir beber, achei que talvez se eu tivesse filhos eu teria uma ocupação, mas não foi a solução. Uma alcoolista na ativa não consegue se cuidar imagina de outro ser tão necessitado de cuidados e zelo. Foi quando cansada de recair eu tive que tirar a ilusão de que eu um dia iria conseguir tomar um gole e parar. Me entreguei à recuperação, verdadeiramente, e abri mão da minha arrogância de fazer do meu jeito. Hoje assisto às reuniões, tenho uma madrinha super presente e disponível pra me ajudar. Sinto a paz no meu coração que tanto desejava,.sou uma mãe mais presente e disponível, e luto, diariamente, contra a minha mente, que tenta às vezes me iludir que eu posso beber. Nessas horas lembro de tudo que vivi e vou para sala. A recuperação tem salvado minha vida e meu emocional. Serenas e sóbrias 24 horas.

 

 

► Ouça o depoimento no Canal YouTube da Colcha de Retalhos (em breve)