É na infância onde tudo começa. Hoje, olho para minha criança interior e me certifico disso, acolho a menina trêmula desaprendendo a respirar em um compasso triste da dor de um lar desajustado. Meu pai sempre foi uma incógnita para mim, eu meio que o amava, o temia e o odiava. Tudo ao mesmo tempo! Na verdade amar, ainda hoje, não sei bem... Ainda ... “Aquele homem saia e eu respirava aliviada, mas sabia que era por pouco tempo, por que junto com a noite, ele chegaria com cheiro, fisionomia e aspecto mudado, e não demorava para mais uma noite de horrores, o que  poderia ser um super herói era um bicho agressivo, babava e cuspia fogo, e o bicho era meu pai alcoólatra. A minha mãe, nessas alturas, era a vítima acuada a mercê de todas atrocidades, nós os filhos na infância infame da desorientação total. Eu não, pois cresci muito rápido e naquele momento, meio que tomava a direção do barco à deriva e cuidava para que a tripulação mantivessem o silêncio, pois os vizinhos ou qualquer tipo de ajuda não acontecia. Não “ metiam a colher”! Enfim, o sol trazia ressaca, vergonha, humilhação e mais um dia de silêncio e dor... Muitas noites escuras, medo e pavor na infância talvez não levem todos os adultos para  sombra do alcoolismo, porém no caso da minha família a genética e outros fatores ou a soma de todos, trouxeram, eu e meus 3 irmãos,  para adultos alcoólatras.

Hoje, cada um guia à própria vida, aliás eu não. Encontrei o grupo de A.A. e lá não tem silêncio, pois falo muito e ouço mais ainda ... Meu barco não está mais à deriva. Aprendo só por hoje, um dia de cada vez, a fazer à entrega ao meu Pai Divino na forma como O concebo. Aprendi a confiar e a apreciar o sol e a lua. Não bebo hoje e volto amanhã, simples assim! Sem ressaca venho atravessando as noites dos perdões e os dias de total segurança sem desequilíbrio, por quê é só por hoje que estou Cleusani ... Paz e Bem!

 

 

 

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