Como saber o que é um grupo-base, quando o mundo online de Alcoólicos Anônimos foi o espaço da minha casa durante toda a fase de reclusão social por conta da pandemia?

 

Nada contra os grupos presenciais.  Nada mesmo!  A tomar por base o carinho e a vontade de estar junto, que vivi na XX Convenção Nacional de A.A., em 2022, em Belo Horizonte, deve ser incrível ter encontros diários, semanais e/ou mensais com pessoas integrantes de A.A..  Sentir o calor do abraço, deixar transparecer como estou me sentindo naquele dia, sem mesmo pronunciar uma única palavra, fazer e servir o café, bem como sentar-me pertinho para trocar um dedo de prosa.

 

Todavia, tenho tido dificuldade de me desapegar das pessoas que conheci nas reuniões online e com as quais acabei formando; pessoas e grupos que me acolheram como integrante de A.A. na pandemia.  E, esses grupos não são nada perto de casa!  Aprendi a amar essas pessoas com quem tenho encontros diários; elas me serviram de espelho, foram colo e apadrinhamento muitas vezes - em dias bons e dias não tão bons.  Pessoas que me ensinaram de mim e do meu Poder Superior, como eu O concebo.  Pessoas que me ajudaram a fazer a limpeza da casa interior e me ver como um milagre.  Tenho uma profunda gratidão por me deixarem pertencer a essas rodas online de amor.

 

Alguns desses grupos tem sede em suas cidades, onde promovem reuniões presenciais, mas mantém as reuniões online como horários alternativos ou oferecem reuniões híbridas: presenciais e virtuais ao mesmo tempo.  Às vezes, conversamos sobre ações que eu só posso acompanhar à distância, pois não estou fisicamente na localidade onde serão realizadas, mas posso contribuir com sugestões e vibrar com os serviços realizados.

 

Quando ouço compartilhamentos da vivência de veteranos em ações das comissões do CTO - Comitê Trabalhando com os Outros fico entusiasmadíssima, de modo que tenho me reinventado para servir de diferentes maneiras pela Internet - seja nessas frentes ou em outras que veiculam conteúdos de A.A., tanto em reuniões como em mídias sociais.

 

Completei três anos em A.A. e fico pensando que está na hora de eu me colocar dentro de um grupo em minha comunidade, de forma que eu possa fazer amigos para além do espaço virtual, aqueles que trarão um pouco de rotina de um grupo, da leveza do encontro fortuito com companheiros no bairro, de fazer parte de ações voluntárias de A.A. e de outras formas de levar amor e a crença de que existe um modo de vida mais feliz

 

Aprendi em A.A. que é possível organizar minhas prioridades e também colocar um pouco de sabor e alegria na rotina diária.  Sem ansiedade, buscarei compor esses dois mundos, porque, ainda que não seja possível estar em todas as reuniões, existem diferentes maneiras de promover encontros entre quem se quer ter junto a nós.  O que pode ser longe, quando o coração vai junto com a gente a qualquer lugar?  Mais uma vez, minha gratidão por tudo que tenho vivido em A.A.!