MULHERES BEBEM POR MOTIVOS DIFERENTES DOS HOMENS

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As pesquisas sobre álcool baseada em gênero revelaram uma série de outros resultados específicos para cada sexo.  Nos anos 2000, exames pareciam mostrar que os cérebros das mulheres são mais sensíveis ao álcool que o dos homens. Mas Marlene Oscar-Berman, professora de Anatomia e Neuropsicologia da Universidade de Boston, fez uma descoberta que provocou uma reviravolta nesse campo.
 
Em uma pesquisa que contou com participantes com e sem histórico de alcoolismo, sua equipe percebeu que os homens alcoólatras tinham centros de recompensa cerebrais menores do que aqueles que não bebiam.  Essa área do cérebro, composta por partes do sistema límbico e do córtex frontal, está ligada à motivação - fundamental para tomar decisões e até mesmo para sobrevivência básica.  Mas, nas mulheres com dependência, os centros de recompensa eram maiores do que o das não alcoólatras - o que significa que seus cérebros estavam menos danificados do que o dos homens.
 
"A pesquisa mostrou que estávamos errados", diz Oscar-Berman. "Nossas descobertas vão de encontro à ideia geral de que as mulheres são mais suscetíveis aos danos do álcool no cérebro do que os homens."  Os cientistas ainda não sabem, no entanto, o que pode causar essas diferenças.
 
Segundo Dawn Sugarman, professora da Escola de Medicina de Harvard e psicóloga do Hospital McLean, nos Estados Unidos, descobertas como essa reforçam a importância de estudos específicos de gênero sobre álcool e dependência.  Ela cita pesquisas recentes que mostram que as mulheres dependentes de álcool têm uma resposta melhor quando participam de grupos de tratamento exclusivo para o sexo feminino, que também educam sobre questões específicas de gênero relacionadas à dependência e à motivação para beber.
 
Talvez não seja surpresa, mas as razões femininas são diferentes das masculinas.  Estudos relevam que o consumo de bebida alcoólica por mulheres está ligado a questões emocionais, enquanto os homens são mais movidos pela pressão social.
 
"Algumas mulheres já tinham feito tratamento (de alcoolismo) cinco, seis, dez vezes antes, e estavam dizendo coisas como 'nunca ouvi dizer que sou mais suscetível ao álcool do que os homens, ou que essas substâncias me afetam de maneira diferente'", conta Sugarman.
 
Por causa das motivações distintas, das vulnerabilidades biológicas e especialmente do vínculo entre o alcoolismo e traumas do passado, as necessidades de tratamento femininas podem ser diferentes das masculinas.  Por exemplo, mulheres que foram vítimas de abusos sexuais podem não se sentir seguras ao entrar em um grupo de terapia padrão, onde 70% dos participantes costumam ser homens. Para elas, é benéfico ouvir histórias de outras mulheres e saber que não estão sozinhas.
 
Pelo menos, dizem os especialistas, ficaram para trás os dias em que se acreditava que pesquisas sobre consumo de álcool feitas com homens poderiam simplesmente ser aplicadas às mulheres.
 
Fonte BBC FUTURE, por Marisa Taylor, 26/08/2018.  Acesse a matéria completa aqui.
 

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