SEIS EM CADA DEZ ESTUDANTES HAVIAM EXPERIMENTADO BEBIDA ALOÓLICA ANTES DA PANDEMIA

Informação Pública


Cerca de 63,3% dos estudantes de escolas públicas e particulares entre 13 e 17 anos já experimentaram bebida alcoólica e mais de um terço deles (34,6%) provou pelo menos uma dose antes de completar 14 anos.  As meninas são mais expostas a essa iniciação precoce: 36,8%, contra 32,3% entre os meninos.  Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, divulgada hoje (10) pelo IBGE.
 
A pesquisa retrata a saúde de estudantes de todas as regiões do país e traz temas como violência, saúde mental e uso de drogas.  Os dados se referem à realidade dos jovens antes da pandemia de Covid-19, cujas medidas de isolamento social e distanciamento físico do ambiente escolar podem ter agravado a situação.
 
Para o gerente da pesquisa, Marco Andreazzi, o uso de bebidas alcoólicas na adolescência está relacionado a problemas de saúde posteriores e aumenta as chances de consumo abusivo na idade adulta. “Os efeitos secundários incluem problemas renais, hepáticos, cardíacos e de desenvolvimento cerebral.  São efeitos muitos diversos e, quanto mais precoce for esse uso, maior o risco de doenças crônicas degenerativas que ocorrem em função desse uso prolongado”, diz.
 
Entre os estudantes que experimentaram bebidas alcoólicas, 47% disseram ter tido episódios de embriaguez.  Esse percentual foi maior entre os estudantes de escolas da rede pública (47,6%) do que entre os da rede privada (43,4%).  Cerca de 15,7% relataram a ocorrência de problemas em consequência de terem bebido, entre eles estão o conflito com a família ou amigos, a perda de aulas ou brigas.
 
De acordo com o pesquisador, o consumo abusivo, também levantado pela pesquisa, é diretamente ligado aos episódios de embriaguez relatados pelos estudantes.  O uso foi considerado abusivo quando, em uma única ocasião, passava de cinco doses para os meninos e quatro para as meninas.  A dose é equivalente a um copo de chopp, uma lata de cerveja, uma taça de vinho, uma dose de cachaça ou de uísque.
 
Entre os adolescentes de 13 a 17 anos, 9,7% relataram ter consumido quatro doses ou mais em um mesmo dia.  Nesse indicador, o Sul (12%) e o Centro-Oeste (11,1%) ficaram acima da média nacional. Já Norte (7,0%) e Nordeste (7,8%) apresentaram os menores percentuais.  Cerca de 6,9% dos estudantes dessa faixa etária disseram ter bebido cinco doses ou mais em um dia.
 
“São dois aspectos diferentes do mesmo problema: um é a frequência de consumo, em que podem ser tomadas medidas no sentido de controlar, de dificultar o consumo do álcool pelos adolescentes; o outro é o consumo abusivo, que tem efeitos mais agudos e ainda mais danosos”, explica Andreazzi.
 
O consumo recente de bebidas alcoólicas também foi abordado pela PeNSE.  Cerca de 28,1% haviam bebido ao menos uma dose nos últimos 30 dias antes da pesquisa.  Houve diferença por faixa etária: o indicador variou de 22,1% nos escolares de 13 a 15 anos a 38,9% entre os que tinham de 16 a 17 anos.  O pesquisador elucida que, à medida que os anos vão passando, o adolescente tem mais oportunidades e estímulos para experimentar bebidas, cigarro e outras drogas, além de adquirir outros comportamentos. Isso pode explicar o maior consumo recente por parte dos estudantes mais velhos.
 
Entre as questões levantadas também estava o uso de bebidas alcoólicas pelos pais dos adolescentes.  Mais da metade dos escolares de 13 a 17 anos (58,9%) respondeu que o pai, a mãe ou ambos consumiam esse tipo de produto, sendo os percentuais maiores no Sul (62,4%), no Centro-Oeste (61,9%) e no Sudeste (61,5%). [...]
 
Outro aspecto levantado pela PeNSE foi a forma de obtenção de cigarro e bebidas alcoólicas.  Apesar de a legislação proibir a venda desses produtos para menores de 18 anos, lojas, bares, botequim, padarias ou banca de jornal foram apontados por 37,5% como o lugar onde obtiveram cigarros.  Em relação às bebidas alcoólicas, a maioria dos escolares (29,2%) respondeu que conseguiu em uma festa, enquanto 26,8% disseram ter comprado no mercado, 17,7% obtiveram com amigos e 11,3%, em casa, com alguém da família.
 
“O que isso mostra é que existem atos ilícitos de compra e venda desses produtos. Há, na nossa pesquisa, outras possibilidades de resposta a essa pergunta, mas a compra é a mais frequente forma de obtenção. Ou seja, a legislação não está sendo cumprida adequadamente”, afirma o pesquisador, que ainda destaca o número alto de escolares que experimentam o cigarro antes dos 14 anos. No Sul, esse indicador tem uma grande diferença entre os sexos: 18% das meninas já fumaram antes dos 14 anos, contra 13,5% dos meninos. [...]
 
 
Retrato pós-pandemia pode ter se agravado
 
Para o gerente da pesquisa, Marco Andreazzi, é importante destacar que os dados se referem à realidade dos escolares em 2019, antes, portanto, da pandemia de Covid-19 cujas medidas de enfrentamento incluíram isolamento social e distanciamento físico do ambiente escolar. “Tudo isso pode ter sido agravado por consequência da pandemia. Então é importante conhecer o que já vinha acontecendo antes desse período para perceber essa realidade que vai surgir logo após. O fato de a pesquisa ter sido realizada pouco antes da pandemia nos permite ter um ponto de referência para medir os impactos e até orientar as medidas de controle”, conclui.
 

Destaques

  • O percentual de escolares entre 13 e 17 anos que já experimentaram bebida alcoólica é de 63,3%.
  • Mais de um terço dos escolares nessa faixa etária (34,6%) havia experimentado ao menos uma dose antes dos 14 anos.
  • Dos escolares que experimentaram bebidas alcoólicas, 47% revelaram ter tido episódios de embriaguez.
  • A principal forma de obtenção de bebida foi em uma festa (29,2%), seguida por compra em mercado (26,8%).
  • Cerca de 22,6% dos escolares haviam experimentado cigarro. Para 11,1%, a experimentação ocorreu antes dos 14 anos.
  • 28,1% haviam bebido pelo menos uma dose nos últimos 30 dias antes da pesquisa.
 
Fonte AGÊNCIA DE NOTÍCIAS IBGE, Editoria Estatísticas Sociais, por Umberlândia Cabral e Brisa Gil, atualizado em 24/10/23.  Acesse matéria completa aqui.
 

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