POR QUE A GERAÇÃO Z BEBE MENOS QUE AS ANTERIORES?

Informação Pública


"Especialistas indicam que a redução do consumo de álcool pelos jovens é significativa e está espalhada pela maior parte dos países europeus de renda mais alta, além dos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.  Durante o lockdown, os australianos da geração Z mostraram-se mais dispostos a reduzir o seu consumo — 44% informaram que estavam bebendo menos, o que é mais que o dobro do percentual de qualquer outra geração.  E, na Nova Zelândia, a incidência de consumo excessivo de álcool entre os jovens também caiu em mais da metade entre 2001 e 2012 — e continua a cair até hoje.

Os jovens da geração Z estão crescendo em um cenário social único.  Sobrecarregados com preocupações sociais e financeiras, eles são mais avessos ao risco.  E eles têm uma compreensão maior de como a bebida prejudica a saúde deles e das pessoas à sua volta.  Com isso, está florescendo uma cultura de juventude em que beber deixou de ser o normal, e essa mudança está se fazendo presente.  O comércio e o setor de hotéis e restaurantes estão se movendo com rapidez para adaptar-se enquanto a geração Z redefine o conceito de "balada" e socializa muitas vezes sem beber.
 
O declínio do consumo de bebida ocorre, em parte, porque a geração Z aparentemente é mais cautelosa que as anteriores, tanto em termos de saúde quanto da percepção de si próprios pelos colegas. [...]  "Os jovens em geral são mais avessos ao risco", afirma Amy Pennay, pesquisadora sênior do Centro de Pesquisa de Políticas sobre o Álcool da Universidade La Trobe, em Melbourne, na Austrália.  Um fator para essa mudança é o fato de que os jovens hoje em dia sabem muito mais sobre os perigos associados a esse tipo de comportamento.  E, com maior disponibilidade de pesquisas e com a discussão aberta, o seu conhecimento é cada vez mais multifacetado, segundo Pennay. [...]
 
A preocupação com a perda do controle e o desenvolvimento de dependência da bebida, por exemplo, é sensivelmente mais alta entre os jovens.  Uma pesquisa do Google em 2019 concluiu que 41% dos jovens da geração Z associam o álcool a "vulnerabilidade", "ansiedade" e até "abuso".  E, no Reino Unido, 60% dos jovens da geração Z associam beber à perda de controle — quase o dobro dos que não fazem essa associação.

Ondas de casos em que pessoas sofrem o golpe do "boa noite, Cinderela" em bares e baladas também pode dissuadir as pessoas de beber, especialmente as mulheres.  E, com as atividades dos jovens podendo ser exibidas em tempo real nas redes sociais para os amigos, familiares e até empregadores, perder o controle traz uma carga de risco.

A mesma pesquisa do Google indica que 49% dos jovens da geração Z afirmam que sua imagem online está sempre na mente quando eles saem para beber e socializar.  Por isso, não é surpresa que 76% deles acreditam ser importante estar no controle de todos os aspectos da sua vida, todo o tempo.

John Holmes, professor de políticas sobre álcool da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, acrescenta que também houve uma acentuada mudança de comportamento.  A geração Z não só tem consciência mais profunda dos riscos à saúde, mas também rejeita ativamente a noção de embriaguez.  "Em meados até o final dos anos 2000, beber demais e ficar embriagado era uma maneira de formar e solidificar amizades. Até experimentar juntos os efeitos negativos [da bebida] era uma parte fundamental da formação e manutenção de amigos na adolescência e no início da idade adulta", afirma ele.  "Mas a geração Z costuma considerar a embriaguez desagradável, inconveniente ou desinteressante." [...]
 
A forma como as pessoas encaram o lazer também mudou  Especialistas afirmam que isso, em grande parte, está ligado aos desafios que os jovens percebem que os aguardam no futuro, bem como à forma em que eles querem levar as suas vidas.  O uso da tecnologia e o consumo de conteúdo a todo momento fazem com que o lazer muitas vezes assuma a forma de fuga, ou de intervalo da extroversão das redes sociais.
 
Durante pesquisas no início dos anos 2000, em meio a uma era de alto consumo de álcool e drogas de recreação, Pennay lembra-se de ver jovens discutindo o abandono hedonístico e seu desejo de desligar-se "ficando obliterados e aproveitando o momento".  Agora, acontece o oposto. Para Pennay, os jovens da geração Z normalmente preferem recarregar suas baterias no tempo de descanso do trabalho ou aperfeiçoando seus estudos ou desenvolvimento pessoal. [...]

Em 2022, a empresa de serviços profissionais Deloitte perguntou a quase 15 mil jovens da geração Z de todo o mundo qual a sua principal preocupação. Eles mencionaram o custo de vida em primeiro lugar (29%). [...] Quase a metade deles (46%) afirmou que vive um mês de cada vez, preocupando-se com o pagamento das suas despesas. E, para fechar suas contas, 43% têm um segundo trabalho de tempo parcial ou integral além do seu emprego principal — 10% a mais do que os millennials (os nascidos entre 1981 e 1995).

"A forma como a geração Z mantém seu orçamento e suas economias é muito diferente das gerações anteriores, pois eles não podem entrar no mercado habitacional", afirma Pennay. "Por isso, alguns veem o álcool como um produto caro demais, que ofusca o quadro mais amplo."

Sejam quais forem as causas, mais jovens se afastando do álcool trazem um ambiente que facilita e até incorpora a sobriedade. [...] Após a pandemia, os bares e restaurantes também aumentaram sua oferta de experiências para atrair todas as gerações, especialmente a geração Z.  Eles acrescentaram mesas de pingue-pongue e de shuffleboard, por exemplo.  "Existe enorme desejo de socializar-se em espaços que tenham sido e ainda são associados a 'sair para beber'", segundo Hutchison da Delloite. "Mas, com a indústria patrocinando alternativas, será mais um espaço seguro para que a geração Z se socialize, conecte-se e aproveite ricas experiências de comidas e bebidas."
 
Fonte BBC NEWS BRASIL, BBC Worklife por Megan Carnegie, 21 outubro 2022.  Acesse a matéria completa aqui.
 

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